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"Só um pouquinho não faz mal" - o efeito dos pequenos descuidos sobre sua saúde


Minha filha de 20 anos foi visitar meu filho de 24a. no apartamento que ele divide com amigos e ficou impressionada com a limpeza e organização do lugar. Meio desconfiada, pois o irmão era o maior bagunceiro e deixava tudo desorganizado quando moravam juntos, perguntou:

- Você arrumou o apartamento porque eu ia chegar ou fica sempre assim, limpo e organizado?

Ele disse que resolvera usar a “teoria das janelas quebradas” ou que desordem gera desordem, que conheceu na faculdade. Explicou que, se a pia está cheia de louça suja a tendência dos moradores do apartamento é deixar utensílios sujos à medida que forem utilizando, mas quando a pia está limpa e tudo guardado em seu lugar, cada um responsabiliza-se mais por deixar as coisas limpas e em ordem.

Sabendo do diálogo travado, contente com impacto dessa tal teoria e interessada em conhecê-la, fui procurar mais informações na internet.

Pesquisando encontrei a referência a um artigo, publicado em 1982 na revista Americana The Atlantic Monthly, criado por James Wilson e George Kelling que, baseados na experiência de um psicólogo de Stanford, Philip Zimbardo, teceram a expressão “teoria da janelas quebradas”. O experimento de Zimbardo constou de um carro abandonado em um bairro pobre e outro em um bairro rico, sendo que o carro deixado na região pobre foi vandalizado em poucas horas e o outro não, mas quando carro intacto teve um dos vidros quebrados, seguiu-se sua vandalização, mesmo estando em um bairro rico.

Essa experiência serve para refletirmos sobre o efeito dos pequenos descuidos na organização de nossa vida e na proteção de nossa saúde.

Na vida diária, após nossa casa ser cuidadosamente arrumada pela diarista, tendemos a pensar onde depositamos as coisas, a lavar a louça que usamos. No entanto, o primeiro sapato fora de lugar, o primeiro copo na pia, a organização se perde e quando percebemos a casa já está uma bagunça. E se a diarista tiver que faltar? Nossa! Que tragédia! Tudo fica muito difícil, ficamos irritados, tensos e com a sensação de sobrecarga, não é mesmo?

Muito já se sabe sobre o quanto uma boa alimentação é capaz de modificar o funcionamento do organismo e até curar doenças. Quando procuramos uma orientação para melhorar nossa saúde, uma dieta seja para emagrecer, reduzir a gordura visceral ou para recuperar o organismo de alguma alteração metabólica, no início fazemos tudo de acordo com o orientado. Mas se estamos num ambiente onde todos comem desregradamente, ou quando alguém nos diz que “é só dessa vez” ou “um pouquinho não vai fazer mal”, tendemos a titubear em nosso propósito, e uma pequena furadinha leva a outra um pouco maior e outra... e nosso intento vai por água a baixo, mesmo que estejamos sofrendo com sinais e sintomas desconfortáveis.

A busca de uma alimentação saudável sofre com a inércia que tendemos a ter quando vivemos num grupo que se alimenta mal e descuidadamente, seja por desconhecimento, seja por se negar a ter sua liberdade cerceada.

O cuidado do meio ambiente também sofre com os mesmos impulsos: um local limpo, sem lixo, convida a procurar uma lixeira pra depositar o lixo. Por outro lado, uma calçada suja convida a jogar o que tivermos que descartar sem pensar nas enchentes ou na beleza do local.

Um pequeno descolamento no papel de parede do elevador, insignificante, se não for arrumado logo, traz outro maior, que se segue a um dano ainda maior na estética interna do elevador, o que causará um mal estar a todos.

Uma vidraça quebrada nos fundos do galpão pode não ter importância, mas alguém pode passar por perto e sentir o impulso de quebrar outra e outra; outra pessoa, pode brincar de quebrar uma parede e uma terceira de atear fogo e pronto! A destruição se faz sem autores.

O mesmo se dá para as pequenas “corrupçõeszinhas” de cada dia: levam à quebra de um país.

Hannah Arendt, ao se referir a banalização do mal, em seu livro Eichmann em Jerusalém, demonstrou que os seres humanos tendem a reduzir o significado de pequenos deslizes que acabam levando a grandes males e prejuízos.

Pode parecer que estamos exagerando nessas assertivas, mas o que fazemos é buscar argumentos para apoiar e defender aqueles que querem se cuidar e ter uma vida com mais saúde, leveza e tranquilidade.

No Instituto Aleema, especialmente no programa Comunidades de Autocuidado - PRA Viver Melhor, procuramos desenvolver um trabalho que suscite em cada pessoa e nos grupos uma ética do cuidado. A metodologia e a incisividade, que alguns consideram radical serve para apoiar, estimular e providenciar o conserto de cada pequena janela quebrada em nosso edifício corporal e na nossa vontade de consertá-lo.

Uma estratégia de êxito para prevenir o dano maior, dizem os autores do estudo, é valorizar o pequeno deslize e buscar resolver os problemas quando eles ainda são pequenos. Se estivermos atentos, verificaremos que cada pequeno deslize no cuidado da sua alimentação já vai manifestar efeitos adversos em nosso bem estar, o que pode nos alertar para fazer o reparo, posicionar e retomar o caminho do autocuidado. Sua saúde é um bem precioso. Conte conosco para seu cuidado!


Participe de nossos eventos, programas e cursos que promovem as ferramentas de autocuidado.

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